CAMINHANTES NA FÉ
A cada ano no 4º fim de semana da Quaresma o Grupo de Caminhantes de Nossa Senhora da Conceição, na ilha Terceira, percorre durante dois dias a pé os caminhos da ilha Terceira, parando nas igrejas e ermidas que encontram pelo caminho. É assim há 11 anos.
Movidas pela fé durante estes dois dias de madrugada até ao anoitecer, com sol e com chuva, vão pelas estradas a rezar vários terços pelas várias intenções pedidas e cantam cânticos dedicados a Deus, a Nossa Senhora, a pedirem perdão. Quando param nas igrejas e ermidas rezam uma oração específica à entrada e outra em cântico à saída. Pedem pelas intenções que querem ou pelas que alguém lhes pediu. Há pessoas que sabem que elas são Caminhantes e pedem as suas intenções, por algum familiar doente, alguém que está em aflição, por alma de alguém que já partiu. Há quem peça em voz alta e há quem peça em silêncio e no fim de cada pedido rezam sempre um Pai Nosso, uma Avé Maria, um Glória ao Pai e também dizem, “Nossa Senhora da Conceição: Rogai por nós” e ao Santo ou Santa padroeiro da igreja ou ermida em que estão.
Ao longo destes percursos quando vão para uma nova ermida ou igreja, também há momentos só de de silêncio e reflexão, onde cada uma tem o seu próprio propósito e objetivo pessoal. Toda a agente é diferente. Somos todos pessoas normais a caminhar pela rua que Deus pôs à nossa frente.
Superação e a constante busca pela sua fé, pelo amor e o perdão está incrivelmente visual no rosto e nas pernas destas mulheres. Alcançar o estado emocional a fim de poderem libertar-se dos seus pecados, do egoísmo e da fragilidade do mundo que consome o ser humano a cada dia. Quer sejam ricas ou pobres, ou algures no meio termo, são todas “sem-abrigo”. Elas todas… À procura “do caminho de casa”. Rezam por elas, pela paz no mundo, por tudo e por todos os que pedem e ou passam pelo seu caminho.
No fim há uma missa de encerramento, onde alguns familiares vão assistir à missa e dar o abraço de conforto e amor. O cansaço fisico e emocional toma conta delas, mas também onde a partilha e as palavras dos testemunhos de algumas faz brotar lagrimas a qualquer um. Muitas lágrimas, mas sempre com um sorriso enorme de satisfação.
Durante a caminhada ouve-se, "não consigo" "é o último ano" " já não é para mim”, mas no fim “chegamos aofim de mais uma caminhada, para o ano será outra, cada uma com o seu significado”.
Claudia Meneses Vieira uma das caminhantes define este dois dias de caminhada numa palavra, “Gratidão”, mas ainda acrescenta, “Eu precisava desta Caminhada para a minha vida e alma, como de pão para a boca”.
