Depois de ter fundado a minha pequena associação a Dar - Dreams Are Real e de ter feito uma missão em Moçambique em 2018, juntei alguns amigos e voluntários e fomos fazer outra missão, desta vez em São Tomé e Príncipe. 
Era final de setembro 2019, depois de projeto quase concluído em São Tomé, levei a maltinha a conhecer o paraíso na terra a ilha do Príncipe. Num dia fomos ver o pôr do sol à praia Abade, era sábado e na pequena associação de pescadores estavam duas enormes colunas de som, com música típica são-tomense. Algum foram à praia sentir a areia nos pés, enquanto eu e o Vasco, ficámos a ouvir música e a beber a bela da Rosema. As pessoas da comunidade local, animadas com a nossa presença - e não fosse o povo de São Tomé um excelente anfitrião - beberam uma cervejinha connosco e mostram os seus dotes no Kizomba. 
- Branco ué - chama-me um senhor idoso que estava a grelhar peixe e banana num pequeno e humilde grelhador. 
- Senta-te e come aqui comigo! - diz o senhor.
- Não é preciso, deixe estar, obrigado. - respondi eu.
- Nem pensar eu faço questão. – prosseguiu o Senhor.
- Está bem, então deixe-me pagar uma cerveja para acompanhar o peixe… 
Vamos fazer um brinde, saúde! – disse eu e ele prontamente respondeu:
 
- Mais vida! – exclamou o senhor.
- Como assim mais vida? – perguntei eu, espantado. Então ele respondeu:
- Aqui dizemos mais vida, mais vida é tudo, tudo o que precisamos.              
Até hoje não sei o nome dele, sei que jamais esquecerei aquela tarde que se tornou noite, com música, animação, mais acima de tudo de partilha e de Mais Vida. 
Adotei o Mais Vida como lema e até tatuei no meu corpo. Tento também, a cada dia, que todos os que se cruzam comigo no meu caminho sejam sempre Mais Vida. 
 
Este livro é mais do que um livro de fotografia é uma homenagem ao povo de São Tomé e Príncipe, povo que me deu tanto e ensinou a olhar para o Mundo e para as coisas ainda de forma mais diferente, do que já olhava até então. Foi também aqui que reencontrei o foco, a fé e o caminho de luz que me guia diariamente para ser uma melhor versão de mim.
Aprendi ainda mais a praticar a gratidão e que a partilha deve ser diária e constante. Nesta terra tenho amigos, amigos que me fazem chorar cada vez que vou embora, e que choram quando me abraçam. Sinto que noutra vida ou dimensão vivi aqui, neste paí que foi abençoado pelos Deuses.
Saudades, sorrisos, lágrimas, abraços e casa, é tudo o que sinto quando penso ou estou em São Tomé e Príncipe. 
Mais Vida!