A VIDA E O MAR
Este trabalho fotográfico debruça-se sobre a vida piscatória da freguesia de São Mateus da Calheta (Terceira).
O projecto tem como base o registo da vida dos pescadores, suas famílias e toda a sua ambiência. Assim, a finalidade foi registar um ciclo de vida nas diferente épocas do ano, caracterizando a gente de São Mateus, ligada principalmente à actividade das pescas, tendo ainda em linha de conta que a circunstância sazonal, e meteorológica, é determinante na vida destas pessoas. O trabalho foi desenvolvido ao longo de vários meses, acompanhando a vida de algumas famílias.
A fotografia é um registo do tempo, um artefacto para contar histórias, um aliado da memória. Morar numa ilha é manter uma relação com o mar. O mar é uma fronteira, essa é a realidade do “homem-ilhéu”. Os homens que trabalham no mar têm-lhe respeito, ele é o seu sustento e vida. O quotidiano dos pescadores é guiado pelo temperamento marítimo:quando calmo, o mar é generoso, mas quando embravecido testa a valentia desses homens. Pescar é mais do que ir para o mar: é preparar engodo, redes, barco. É ter força nas mãos calejadas para enfrentar o mar, é sentir o rosto curtido pelas noites salgadas, ter coragem no peito nos dias bravios, e deixar as famílias esperar em terra -todos contribuem para a actividade, há que preparar o trabalho em terra, depois é esperar, ora mau tempo, ora bom tempo... Através do registo fotográfico do modo de vida dessas pessoas, do mar e da terra, das suas rotinas, do quotidiano, das vicissitudes da vida, pretende-se promover uma reflexão sobre o presente, criando uma memória e deixando um registo para o futuro.
O trabalho reflecte a essência da vida, os seus sacrifícios, e capta desde os momentos mais tranquilos, aos mais difíceis. É importante olhar a comunidade que nos rodeia de forma a preservar e valorizá-la.